Sabe o que eu queria? mesmo:
Queria poder rasgar a minha pele só pra você ver como meu coração bate quando te vê ou ouve ou sente...
Queria fazer das esquinas muros e construir um caminho da sua casa até a minha.
Queria agoar todos os cafés do mundo e fazer um bem forte pra você tomar.
No inverno, esfriar a água de todas as casas e te preparar um banho quente, cheio de rosas.
Queria dizer: - Olá, eu sou a pessoa certa!
Tirar o algodão de todos os travesseiros e colocar no meu.
Queria poder gritar bem na sua cara:
- Eu sou egoísta! E tenho toda a paixão e amor que você suportar.
Mas não, eu não faço nada disso
Eu tenho tudo isso acumulado bem no meu estômago, por isso tenho que me manter sóbrea,
e não posso mais tomar café com você.
20/06/2010
Eu sou você
Eu queria ter uma pintinha ao lado da boca
A voz um pouquinho mais rouca
Os cabelos lisinhos que só
Mas se tivesse a pinta, iria querer embaixo
O cabelo cheinho de cachos
Ser magra de dar dó
A gente quer é querer o que não tem
Enquanto querem o que é nosso
E a gente não dá um vintém
A voz um pouquinho mais rouca
Os cabelos lisinhos que só
Mas se tivesse a pinta, iria querer embaixo
O cabelo cheinho de cachos
Ser magra de dar dó
A gente quer é querer o que não tem
Enquanto querem o que é nosso
E a gente não dá um vintém
Ontem mesmo levei um susto!
Onde você está indo, minha menina?
Foi o que perguntei quando a vi
saindo por minhas entranhas, de corpo
e alma.
E entrando, então, uma mulher que eu não
conhecia, estranha pra mim.
Eu estava tão bem com a menina
mas a mulher entrou, se ajustou em meu corpo
e eu me senti mais segura
E de repente, não mais que de repente
Eu comecei a entender coisas que a menina fazia
e antes eu não entendia
Então eu chorava
Agora eu entendo tudinho, mas faço novas coisas
que não entendo
Sim, eu choro também
Aí a menina volta e diz que logo logo
vai vir uma outra mulher ainda maior
e eu vou entender tudo o que eu faço agora
Aí eu fico mais calma
[...]
Porque ela me diz que crescer é assim mesmo.
Onde você está indo, minha menina?
Foi o que perguntei quando a vi
saindo por minhas entranhas, de corpo
e alma.
E entrando, então, uma mulher que eu não
conhecia, estranha pra mim.
Eu estava tão bem com a menina
mas a mulher entrou, se ajustou em meu corpo
e eu me senti mais segura
E de repente, não mais que de repente
Eu comecei a entender coisas que a menina fazia
e antes eu não entendia
Então eu chorava
Agora eu entendo tudinho, mas faço novas coisas
que não entendo
Sim, eu choro também
Aí a menina volta e diz que logo logo
vai vir uma outra mulher ainda maior
e eu vou entender tudo o que eu faço agora
Aí eu fico mais calma
[...]
Porque ela me diz que crescer é assim mesmo.
17/04/2010
Então eu estava num palco, cortinas de veludo vinho
chão de madeira brilhante, vestido rodado, rendado
rendado e rodado!
Eu estava bem parecida com ela: Capitu, mas não tinha olhos
de cigana oblíqua nem dissimulada, nem nada!
Talvez os olhos curiosos de Amélie Poulain, mas enfim; o príncipe
ou heroi, ou qualquer um desses que aparecem nos contos ajoelhava-se e
me dizia: - CASE-SE COMIGO, RRRROSA ENCANTADA (é, tinha um sotaque meio francês),
e então marionetes começavam a andar em círculos, como num carrossel, faziam: TOC, TOC, TOC, mas era tão real, tão real a onomatopeia que só ao acordar com a naturalidade do barulho percebi que era a marreta do pedreiro na casa em cima da minha! sem mais.
Nota: caso verídico.
chão de madeira brilhante, vestido rodado, rendado
rendado e rodado!
Eu estava bem parecida com ela: Capitu, mas não tinha olhos
de cigana oblíqua nem dissimulada, nem nada!
Talvez os olhos curiosos de Amélie Poulain, mas enfim; o príncipe
ou heroi, ou qualquer um desses que aparecem nos contos ajoelhava-se e
me dizia: - CASE-SE COMIGO, RRRROSA ENCANTADA (é, tinha um sotaque meio francês),
e então marionetes começavam a andar em círculos, como num carrossel, faziam: TOC, TOC, TOC, mas era tão real, tão real a onomatopeia que só ao acordar com a naturalidade do barulho percebi que era a marreta do pedreiro na casa em cima da minha! sem mais.
Nota: caso verídico.
03/02/2010
Poema em que Vivi
No batom vermelho a maldade
No vestido preto a vaidade
Nos olhos negros a sinceridade
O semblante é doce
Pois enquanto brinca com sinos
As borboletas a rodeiam
Pois enquanto faz malabarismos
As joaninhas a maqueiam
Pois enquanto dança nos abismos
Suas amigas a farreiam
Mas no grito da noite doce que vivi
Vi e quis o puro, o afago
Vi e quis o chili, o amargo
Vi e venci o estrago
Vi e perdi abraço
Ecoando por seu nome
O moinho moe o grão
O grão morre discreto
O café aquece o coração
O coração transpira afeto
Vivi a negar
Mas os dias que Vivi
Foram os dias que fui feliz.
Por Cássio Oliveira José
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No vestido preto a vaidade
Nos olhos negros a sinceridade
O semblante é doce
Pois enquanto brinca com sinos
As borboletas a rodeiam
Pois enquanto faz malabarismos
As joaninhas a maqueiam
Pois enquanto dança nos abismos
Suas amigas a farreiam
Mas no grito da noite doce que vivi
Vi e quis o puro, o afago
Vi e quis o chili, o amargo
Vi e venci o estrago
Vi e perdi abraço
Ecoando por seu nome
O moinho moe o grão
O grão morre discreto
O café aquece o coração
O coração transpira afeto
Vivi a negar
Mas os dias que Vivi
Foram os dias que fui feliz.
Por Cássio Oliveira José
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19/01/2010
'Eu poderia ficar ali parado, olhando a mancha de café espalhar-se lenta sobre o poema, lembrando tudo o que não queria lembrar e assim, parado para sempre no meio do apartamento, enquanto vidas alheias acontecem além das janelas, fora e longe de mim, sentisse apenas mágoa, saudade e esse tipo de espanto amargo em que ninguém dá jeito, eu poderia. Mas repeti que era tarde, que eu tinha um dia de cão, que não tinha tempo e me desculpe, você sabe, esta cidade, esta vida, esta manhã.'
(ABREU, Caio F.)
Genial, eu não poderia abrir minha boca ou movimentar minhas mãos hoje e dizer ou escrever algo tão sincero e concreto pro que penso ou sinto como ele o fez.
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(ABREU, Caio F.)
Genial, eu não poderia abrir minha boca ou movimentar minhas mãos hoje e dizer ou escrever algo tão sincero e concreto pro que penso ou sinto como ele o fez.
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16/01/2010
de repente árvore
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árvore, velha, altaàs vezes repleta de folhas,
às vezes escassa
e eu a acompanhava sem pudores
afinal a sua troca de estações
parecia mais interessante do que
a minha troca de amores
paixões
e pavores.
se for pra amar ou penar
que seja com todas as forças
que seja o oposto dessa previsão
sem cura
de dores e amores, folhas e flores
que seja sem base, nem fim,
nem altura
essa troca massante de braços, cascas, saliva e juramentos
que já se sabe onde vai terminar,
mas que não pode faltar,
vale mais que o vão contentamento
lamentos
indignações
tormentos
alucinações
uma repetição sem fim
que reacontece a cada sol
assim como a sombra
dessa árvore fica em mim
sem amor, sem pudor, sem dó.
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