Meu rosto corre
Meu corpo bebe
Meu andar sossega
Meu falar se apega
Meu agir pensa
Minha brisa chora
Meu pensar condensa
Meu gostar implora
Meu sentir confessa
Meu fazer clama
Meu olhar se apressa
Minh'alma ama
Minha calma grita
Meu tragar reza
Meu ingerir palpita
Meu querer nega
Meu amar ingere
Minha sina foge
Minha saída digere
Minha pegada morde
Meu desejo pede
Meu sexo traga
Minha fome cede
Minha sede cala
Minha saudade esquece
Minha tristeza dilui
Meu sabor enlouquece
Meu amargor flui
Minha saúde injeta
Minha felicidade evolui
Minha voz se projeta
Minha bebida olha
Minha boca escorre
Meu sonho se molha
Minha vida morre

Nem toda sexta é treze

Sexta-feira!

no calendário geral é dia de dança

bebida

som alto

rodar por aí.

Pra mim não

Pessoas procuram a melhor roupa,

a mais bonita, a mais nova

eu não!

Banho, perfume na pele

adoro essências

Mas estou com os pés no chão

literalmente

E escolhi a roupa mais velha

e confortável que pude

E foi opção

as companhias de hoje ficam para amanhã

Pois as que terei hoje são inadiáveis

Chico, Elis e Gal

e é ver e ouvir

Será o melhor passeio, viagem

que eu poderia fazer hoje

Pra acompanhar: água e sonhos.

Dizia cada semáforo

a cada parada que eu

pensava em ti,

com angústia, com tristeza

que eu seria, ah

um dia eu seria a

gata borralheira,

a estrela derradeira,

o girassol do seu jardim

Não me desprezes,

eu posso esperar

o mundo girar

Não me segure,

não vou cair

e você vai voltar,

vai me chamar

não vou querer ir

eu vi, juro que vi

dejà vu! eu já vi

num copo de wisky qualquer.

Hoje eu acordei
com alergia
Almocei de cabelo molhado
de pijama
Foi um almoço sem sangue
tem sido
Limpei o chão
meias brancas
E não saiu da minha cabeça
nostalgia
Sua vida
vangloriosa
Ah! Me faz arder a cara
coçar os braços
Você é oca
lúbrica
Eu quero te sorrir
com desprezo

Faz-se a volta reboliça em torno de uma criança

Com molejo no quadril e sagacidade no olhar

Cabelos novos e arcada dentária ainda mal formada

Enquanto a mãe se perde em goles da adolescência perdida

Aí vem mais uma criança querendo se sujar

Elas pedem, elas querem fumaça, maquiagem encardida

Sujeira entorpecida.

O segundo em que uma folha cai

Uma folha solta do galho
E o primeiro choro ecoa no ar
As cores de vermelho para verde se alteram,
e os carros saem
O avião entra na torre
O sim, não entristece mais
Arrependido do beijo roubado
A torre no chão se desfaz
A luz queima no instante
que o brilho de amor renasceu
O certo volta errante
Num pensamento que não era meu
O volume se aumenta, e as mãos
emitem expressões
O papel é cortado
O beijo devolvido
O amor envelhecido
E outra torre é atingida
O compositor compõe num tempo parado
O tempo compõe ao compositor,
no mesmo tempo que o aborto acontece,
junto de uma barriga que cresce
No ato romântico da cena
A tragédia, que encena o apito da derrota
Mas antes que o breve momento acabe
É outro riso que não pára mais
É condenado um jovem rapaz
E a revolução?
Avante, avante..
Podemos sempre mais!
Os tempos perdidos
Sonhos abandonados
Os velhos unidos
Sentimento enterrado
Tudo não mais que uma flor
Não mais que o frio
Depois vem horror
Mas não se esqueça:
Existirá sempre uma saudade
Nunca do que ficou
Sempre do que deixou
E a folha chega ao chão.


(por Douglas Andrade)

Procurando Algo

Sabe quando chega uma fase da vida que a água bate na bunda?
A minha já tá na testa!

É proibido fumar neste local.

Fumar faz mal? Comprovado que sim,

tanto a quem fuma ativamente, quanto

passivamente, que no caso, inala a

fumaça alheia, recebe o ato do outro.

As placas são importantes, mas seria

melhor não tê-las e a consciência funcionar

como placa. Mas já que não é isso que acontece,

pois o público está acostumado a fumar

em qualquer lugar, seria ótimo que ao lado

destas placas houvessem outras, pra manter

o ar totalmente limpo, como:

É proibido mentir neste local.

É proibido humilhar neste local.

É proibido magoar neste local.

Neste local e em todos os outros!

Café solúvel (em pó)
Afeto que não se dissolve
Se absolve, se absorve,
se afeta




Caféto.