25/11/2009

O dia aparece cinza e frio. Ao meu lado ainda está o livro que você deixou, líamos no escuro. Não quero te devolver, talvez um dia eu o use como pretexto pra te encontrar, nunca se sabe. Minhas pálpebras ainda molhadas dos beijos que você me dava nos olhos enquanto olhava minha boca seca. Ainda não tenho fome, acordei mais cedo do que deveria, já que adormeci mais cedo do que gostaria, sem ninguém pra falar sobre sono e sonhos, ou se é a paz que gera guerra ou da guerra vem a paz.
Sustento meu corpo de pé, minhas mãos caminham pela parede áspera e longa. Ou meu olfato já não está mais tão aguçado, ou não tem mais aquele cheiro de pão torrado que eu nunca soube de onde vinha, eu sempre acordava mais tarde, então era você. Não gosto de café, mas sei como é seu amargor e sua doçura quando passo os lábios na borda da xícara que fora por ti adotada em todas as manhãs. Não sei se sinto falta, fui eu que escolhi assim. Nem sei porquê. Queria que você conseguisse me ler e soubesse me desenhar, mas eu mal me compreendo, não posso te ajudar.

Um comentário:

  1. aaaaah! Como eu gosto de ler textos assim!
    "Não gosto de café, mas sei como é seu amargor e sua doçura quando passo os lábios na borda da xícara que fora por ti adotada em todas as manhãs."

    muito muito bom!

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